Quando a Internet ganhou força, em meados da década de 90, muito se falava da abrangência global da informação.
Uma homepage hospedada no Cazaquistão poderia ser acessada por alguém do Japão com a mesma facilidade que se estivesse hospedada, por exemplo, na Austrália.
Para a informação, não haveria fronteiras. Era o tempo da Internet como fim, o prazer estava em apenas navegar (até porque o conteúdo era incipiente).
Com o desenvolvimento das tecnologias, a geolocalização virou uma realidade, e infelizmente (ops, já falei minha opinião) é extensivamente usado por empresas de mídia para segregar a divulgação do seu conteúdo por região geográfica.
A geolocalização consiste em associar uma faixa de endereços IP a uma determinada região geográfica, ou, determinar em que país/estado/cidade está cada visitante de seu site.
Há um comunicador instantâneo muito famoso, de origem norte-americana, cujos links direcionam a vídeos segregados por país. E aqui no Brasil nós não podemos assistir a alguns desses vídeos, e eu acho isso terrível.
Evidentemente isso é um sinal inequívoco de que a Internet deixou de ser um fim e passou a ser um meio. É algo até bom, se for olhar...
Mas a minha opinião (isso ainda é um blog pessoal) é a de que a geolocalização é algo negativo, porque vai contra a idéia de nos tornarmos, cada vez mais, cidadãos globais.
Essa tecnologia tem, claro, defensores, que eu acredito serem mais corporativos do que pessoais. Os usos deste recurso abrangem: personalização e direcionamento de conteúdo (propagandas e informações); divulgação seletiva de determinados conteúdos (vídeo e música para alguns países, e não para outros); questões de segurança de informação (uso de cartão de crédito de um país em computador de outro país); e questões legais (material adulto em países e estados onde é permitido; jogos e cassinos online apenas onde é legalizado).
Dois exemplos eu considero muito especiais, pela importância histórica, legal e tecnológica:
- Uma importante empresa de currículos online sofreu duas pesadas multas, de vários milhões de reais, por ter roubado material de concorrentes, e, aparentemente, isso só foi possível porque se tinha o endereço IP dos ataques, e quem possuía tal endereço no momento do ataque;
- A Internet, na China, sofre censura; essa censura foi utilizada pelo Google como moeda de barganha num episódio envolvendo ataques a seus servidores, e culminou com o encerramento parcial de seus serviços por lá. O site de vídeos e a rede social também não funcionam naquele país.
(O episódio da empresa de currículos não é, estritamente falando, coisa de geolocalização; mas vai servir de discussão para um próximo post).
E vocês? O que acham dessa história de geolocalização?
Principais páginas consultadas:
http://en.wikipedia.org/wiki/Geolocation_software
http://www.italki.com/answers/question/60991.htm
http://athenna.com/pt/athenna_design/web_design/catho-recebe-nova-multa-por-invasao-e-roubo-de-dados/web-design/2011/08/athenna-design
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,google-fecha-servidores-na-china,527734,0.htm
10.10.11
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3 comentários:
Internet global propriamente dita, ainda não existe. Exemplo recente foi a Globo pegar os direitos de transmissão do Rock in Rio e impedir que o YouTube passasse no Brasil (claro, dá pra burlar isso usando um proxy, mas a questão é outra). Ora, isso ainda é ditadura digital, não muito diferente da ideia da China censurar o Google e o Twitter.
Ainda vai demorar décadas até a gente ter a verdadeira globalização!
Muito bem destacado, Bruninho. Agora é um tédio navegar, né? Lembra da época em que vc botava uma search word no Yahoo! e via coisas incríveis hospedadas em qq lugar do mundo?
Pois é. Eles mataram 2 coelhos de uma cajadada só: censurar conteúdo para determinados países e concentrar o consumo numa determinada área.
A parada dos vídeos do Youtube é um saco total.
Mas sabe que eu não sei se irá se sustentar? Podemos fazer um movimento massivo de esclarecimento sobre o uso de proxies no exterior. O que vc acha?
Beijos revolucionários.
É, não soa bem, mas estou curioso com o caminho que vai tomar.
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